Mestra Silvina
Vesti a memória com meu mandrião balão.
Centrei
nas mãos meu vintém de cobre.
Oferta
de uma infância pobre, inconsciente, ingênua,
revivida nestas páginas.
revivida nestas páginas.
Minha
escola primária, fostes meu ponto de partida,
dei
voltas ao mundo.
Criei
meus mundos...
Minha
escola primária. Minha memória reverencia minha
velha Mestra.
velha Mestra.
Nas
minhas festivas noites de autógrafos, minhas colunas de
jornais e
livros, está sempre presente minha escola primária.
Eu era
menina do banco das mais atrasadas
Minha escola primária...
Minha escola primária...
Eu era
um casulo feio, informe, inexpressivo.
E ela
me refez, me desencantou.
Abriu
pela paciência e didática da velha mestra,
cinqüentanos
mais do que eu, o meu entendimento ocluso.
A
escola da Mestra Silvina...
Tão
pobre ela. Tão pobre a escola...
Sua
pobreza encerrava uma luz que ninguém via.
Tantos
anos já corridos...
Tantas
voltas deu-me a vida...
No
brilho de minhas noites de autógrafos,
luzes,
mocidade e flores à minha volta, bruscamente a mutação
se faz.
Cala o
microfone, a voz da saudação.
Peça a
peça se decompõe a cena,
retirados
os painéis, o quadro se refaz,
tão
pungente, diferente.
Toda
pobreza da minha velha escola
se
impõe e a mestra é iluminada de uma nova dimensão.
Estão
presentes nos seus bancos
seus
livros desusados, suas lousas que ninguém mais vê,
meus
colegas relembrados...
Queira
ou não, vejo-me tão pequena, no banco das
atrasadas.
E volto a ser Aninha,
aquela em que ninguém
acreditava.
aquela em que ninguém
acreditava.
Cora Coralina, pseudônimo de Ana
Lins do Guimarães Peixoto Brêtas, 20/08/1889 — 10/04/1985, é a grande poetisa
do Estado de Goiás.
Se achava mais doceira do que escritora. Considerava os doces cristalizados de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os vizinhos e amigos, obras melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Só em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas viveu por muito tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha.
Nascida em Goiás, Cora tornou-se doceira para sustentar os quatro filhos depois que o marido, o advogado paulista Cantídio Brêtas, morreu, em 1934. “Mamãe foi uma mulher à frente do seu tempo”, diz a filha caçula, Vicência Brêtas Tahan, autora do livro biográfico Cora Coragem Cora Poesia. “Dona de uma mente aberta, sempre nos passou a lição de coragem e otimismo.” Aos 70 anos, decidiu aprender datilografia para preparar suas poesias e enviá-las aos editores. Cora, que começou a escrever poemas e contos aos 14 anos, cursou apenas até a terceira série do primário. Nos últimos anos de vida, quando sua obra foi reconhecida, participou de conferências, homenagens e programas de televisão, e não perdeu a doçura da alma de escritora e confeiteira.
Se achava mais doceira do que escritora. Considerava os doces cristalizados de caju, abóbora, figo e laranja, que encantavam os vizinhos e amigos, obras melhores do que os poemas escritos em folhas de caderno. Só em 1965, aos 75 anos, ela conseguiu realizar o sonho de publicar o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas viveu por muito tempo de sua produção de doces, até ficar conhecida como Cora Coralina, a primeira mulher a ganhar o Prêmio Juca Pato, em 1983, com o livro Vintém de Cobre – Meias Confissões de Aninha.
Nascida em Goiás, Cora tornou-se doceira para sustentar os quatro filhos depois que o marido, o advogado paulista Cantídio Brêtas, morreu, em 1934. “Mamãe foi uma mulher à frente do seu tempo”, diz a filha caçula, Vicência Brêtas Tahan, autora do livro biográfico Cora Coragem Cora Poesia. “Dona de uma mente aberta, sempre nos passou a lição de coragem e otimismo.” Aos 70 anos, decidiu aprender datilografia para preparar suas poesias e enviá-las aos editores. Cora, que começou a escrever poemas e contos aos 14 anos, cursou apenas até a terceira série do primário. Nos últimos anos de vida, quando sua obra foi reconhecida, participou de conferências, homenagens e programas de televisão, e não perdeu a doçura da alma de escritora e confeiteira.
Fonte: http://pensador.uol.com.br/autor/cora_coralina/biografia/